sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Censura ou busca do equilíbrio necessário?

De ontem para cá, três notícias me chamaram a atenção: a de que humoristas, reunidos em seminário, entenderam que o que denominam politicamente correto é uma "caretice" e por isso deve ser rechaçada. A segunda foi a reação de professores de Caxias do Sul a livros enviados pelo MEC para as bibliotecas das escolas, com conteúdo considerado agressivo por conter mensagem de incitação à violência e sexualidade descomprometida. A terceira, foi a de que uma promotora de justiça, entendendo que as cenas de Tropa de Elite 2 são por demais violentas, busca em Juízo a fixação de idade mínima de 16 anos para quem vai ver o filme

O que os humoristas entendem por politicamente correto eu não sei. Fui na Wikipédia e lá está que se trata de política de evitar discriminações ofensivas a pessoas ou grupos. Então pensei: ora, se o respeito ao ser humano, com suas diferenças essenciais e características próprias é uma caretice, em que mundo vivemos? Será que para fazer rir é preciso desmerecer e degradar uma pessoa, pelo só fato de ela não ser como eu acho que deveria? Será que o verdadeiro humor está em depreciar as loiras, os gays, os portugueses e quem mais se atravessar pela frente? 

Outra questão a ser tratada é a dos livros. Literatura oferecida em bibliotecas de escolas públicas para os alunos lerem. Todos sabemos que é preciso incentivar o gosto pela leitura desde os primeiros anos escolares, principalmente quando se trata de crianças e adolescentes oriundos de famílias em que a cultura não é um valor em si, o que é o mais comum de acontecer. Porém, não se pode esquecer que o senso crítico do aluno do ensino fundamental e médio também está em formação, e nesse passo, não se lhe pode dar a ler qualquer coisa, sob pena de se estimular contra-valores, como a falsa percepção de que a violência é coisa corriqueira ou de que o sexo por si só é o que importa.

E a propósito da violência urbana, embora não tenha assistido Tropa de Elite, penso que o dito acima sobre os livros se aplica também a filmes, novelas e demais formas de comunicação em larga escala. E não me refiro especificamente a esta ou àquela produção.

Evidentemente haverão os que, a pretexto da absoluta liberdade de expressão e sob o surrado clichê do repúdio à censura, pregarão em altos brados que tudo deve ser permitido e que as pessoas que não concordam com tal postura são reacionárias, e que são piores ainda as autoridades que tomarem providências. Porém, em nada perde a democracia vigente com a reflexão, e se necessário, com medidas reguladoras, se o objetivo maior for o do equilíbrio e o do bom senso, especialmente quando entre os destinatários das mensagens exibidas ou publicadas estão os de pouca idade, ainda sem condições de distinguir entre o certo e o errado.






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