Coisas de mudança de horário. Hoje terminou o de verão, mas não avisaram meu relógio biológico, que acabou acordando muito cedo sem saber ao certo que horas eram, se o certo era adiantar ou atrasar os ponteiros.
A televisão poderia ser um parâmetro, pensei eu. Liguei o aparelho e me deparei com um programa que eu nem sabia que existia, chamado Sagrado. Lá estava a Ana Maria Braga - não sei por que ela - a questionar como as diferentes religiões tratam a questão da sexualidade de seus seguidores e também dos mestres. Aí apareceram vários representantes religiosos: muçulmano, do candomblé, católico, evangélico e outros que o sono matinal não me permitiu identificar com clareza.
Como não poderia deixar de ser, o debate visava a questionar os porquês da negação da Igreja Católica ao direito de seus padres, bispos e demais clérigos terem vida sexual ativa de forma oficial, porque fazem o tal voto de castidade.
Não se trata aqui de ser contra ou a favor de padres transarem, porque isto tornaria a questão muito menor do que realmente é.
O tema não é novo, e pode ser considerado como uma das mais espinhosas searas trilhadas pela humanidade, a de saber se sexo é pecado ou não.
Não era entre os povos celtas, que celebravam solstícios e equinócios em homenagem à sua deusa com muita dança, vinho e folguedos nem tão inocentes assim.
A Roma Antiga também teve lá suas festinhas, e Baco não era nem de longe considerado por seus contemporâneos um pecaminoso perdido.
Contrapondo os extremos pagãos, vem a Igreja Católica e impõe celibato a seus pastores, como se Deus não tivesse outra coisa a fazer a não ser ficar olhando o que cada um faz com seus órgãos sexuais.
Forma de controle? Pode ser, mas não vamos adentrar nesta polêmica, a não ser o suficiente para chegarmos aos tempos atuais, e entendermos se há lógica nessa repressão que atravessa séculos.
Muitos dizem que o motivo principal do celibato imposto aos padres e freiras católicas é para que não sejam os bens da Igreja dissipados em eventuais partilhas judiciais. Tem sentido. Mas o que realmente faz pensar é se é humanamente válido impor-se a negação de uma função orgânica, que tal como a digestão e o funcionamento do coração e sistema vascular, é vital ao ser humano.
É uma resposta que, embora possa ser dada por cada um de nós, não será facilmente aceita pelos destinatários. Mas a questão está em pauta, e por certo o andar da carruagem do mundo não se contentará com evasivas.
O tempo, sempre ele, precisa continuar passando para ver se logo ou não as coisas ficam mais claras.
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